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SANEAMENTO EM COLAPSO: A VERDADE POR TRÁS DO ENDIVIDAMENTO DA CASAN

Dilvo Tirloni Opinião

Natural de Nova Trento/SC, Dilvo Vicente Tirloni é formado em História/UFSC e Administração/ESAG/UDESC, pós-graduado na Fundação Getúlio Vargas/SP (1971/72). Foi professor primário, secundário e universitário, Técnico do BRDE, participou da fundação do antigo CEAG/SC, hoje, SEBRAE. Foi presidente da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF). Foi Conselheiro do Sapiens Park; do Conselho Municipal do Meio Ambiente e do Conselho Municipal do Saneamento Básico/Fpolis. Autor de livros.
“As opiniões expressas neste artigo/coluna são de responsabilidade exclusiva do autor e não refletem necessariamente o ponto de vista deste veículo.”

A doutrina financeira é clara: uma empresa pode — e deve — recorrer a financiamentos bancários para expandir suas operações, desde que o custo dos juros seja inferior aos lucros obtidos com os investimentos realizados. Em outras palavras, endividar-se só faz sentido se o retorno for maior que o custo do capital.

No caso da CASAN, os motivos para buscar recursos são legítimos: capital de giro, equilíbrio financeiro, expansão territorial. Mas o mais urgente e relevante é a necessidade de investimentos pesados em infraestrutura — principalmente em Estações de Tratamento de Água (ETA), Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) e nas complexas redes de tubulação que interligam esses sistemas.

Esses projetos exigem bilhões de reais. E a CASAN só tem dois caminhos possíveis para levantar esses recursos:

  1. Aportes diretos do acionista controlador (o Estado), via aumento de capital;
  2. Endividamento, desde que proporcional aos superávits operacionais.

Nos últimos 10 anos, os aportes de capital realizados pelo Governo do Estado foram:

  • 2020 – R$ 36 milhões (Governo Carlos Moisés)
  • 2021 – R$ 123 milhões (Carlos Moisés)
  • 2022 – R$ 74 milhões (Carlos Moisés)
  • 2023 – R$ 89 milhões (Governo Jorginho Mello)
  • 2024 – R$ 111 milhões (Jorginho Mello)

Somando-se a isso os lucros líquidos da companhia — que foram modestos na maior parte do período, com exceção de 2024, que registrou R$ 243 milhões — fruto do excessivo aumento das tarifas em 2024 – para investimentos ainda é muito aquém do necessário. Florianópolis, sozinha, demandaria cerca de R$ 200 milhões por ano.

EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA ACIONÁRIA

Na coluna total, a diferença entre os anos informa o valor aportado. Por exemplo em 2020 – 715.094.432-751.332.862 = 36.238.430 (36 milhões)

ANOESTADO SCSC PARCELESCCODESCOUTROSTOTAL
2016459.136.493128.902.177110.716.00016.315.57524.187715.094.432
2017000000
2018000000
2019000000
2020490.707.745133.017.850110.716.00016.811.70577.542751.332.862
2021601.290.525142.171.208113.491.42917.914.49792.752874.962.432
2022834.410.0560113.491.4291.735.574102.526949.741.607
2023926.058.0280113.491.4290105.7011.039.657.181
20241.037.053.4430113.491.4290111.6881.150.658.584

Fonte: Relatórios da CASAN

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