Natural de Nova Trento/SC, Dilvo Vicente Tirloni é formado em História/UFSC e Administração/ESAG/UDESC, pós-graduado na Fundação Getúlio Vargas/SP (1971/72). Foi professor primário, secundário e universitário, Técnico do BRDE, participou da fundação do antigo CEAG/SC, hoje, SEBRAE. Foi presidente da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF). Foi Conselheiro do Sapiens Park; do Conselho Municipal do Meio Ambiente e do Conselho Municipal do Saneamento Básico/Fpolis. Autor de livros.
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Certas nações marcadas pelo autoritarismo e pela opressão, em momentos de ruptura, promovem atos simbólicos de força contra ícones de regimes opressores. Em abril de 2003, o mundo assistiu à queda da estátua de Saddam Hussein em Bagdá — um gesto bruto, mas compreensível diante da barbárie cometida por aquele ditador sanguinário. Em dezembro de 2024, na Síria, a imagem de Hafez al-Assad foi derrubada por rebeldes que herdaram a dor de décadas de repressão brutal. Esses eventos, ainda que violentos, carregam uma lógica, romper com figuras que personificaram a tirania.
Entretanto, no Brasil, assiste-se a dois episódios absolutamente desproporcionais e politicamente vergonhosos. Um deles, histórico e irremediável, o fuzilamento de Manuel de Almeida Lobo d’Eça, o Barão de Batovi, em 1894. Herói de guerra, destemido defensor do Império e da pátria, foi executado por ser leal ao imperador e por portar um título nobre. Mataram-no não por crime algum, mas por ideologia — um crime de Estado, irreparável.
Hoje, em pleno século XXI, pretende-se praticar outro absurdo, retirar o nome do professor João David Ferreira Lima do campus da UFSC, sob o frágil argumento de que teria colaborado com o regime militar. Trata-se de uma tentativa revisionista, movida por viés ideológico, de atacar a reputação de um homem probo, afável, honesto e, acima de tudo, justo. Ferreira Lima foi o responsável direto pela consolidação da UFSC. Negar-lhe essa homenagem é um ato violento contra a sua memória biográfica, da sua família, contra a UFSC e seus milhares de alunos e ex-alunos e é um atentado a verdade histórica. Os autores desta ação, movidos por ideologias exóticas, serão cobrados, cedo ou mais tarde. Não passarão impunes. Floripa e SC, rejeitam estes traidores acadêmicos. Não são nada frente ao Historico Acadêmico de Ferreira Lima. Deveriam se envergonhar de praticarem um ato tão desabonador.
Essa sanha persecutória, típica de doutrinas totalitárias de esquerda, não se coaduna com os valores democráticos. É uma agressão travestida de justiça histórica, que busca impor uma narrativa única e hostil ao pluralismo. Manchar biografias sem provas robustas, por conveniência ideológica, é crime moral. Precisamos resistir a esses mensageiros do ressentimento. A história não se reescreve com rancor — e sim com verdade, justiça e equilíbrio.
Informações Relevantes
- Marechal Manuel de Almeida Lobo d’Eça (1828-1894), Barão de Batovy. Nascido na Cidade de Nossa Senhora do Desterro, (Florianópolis, SC). Defendeu o Império nas guerras do sul, na Campanha contra Rosas, na luta contra Aguirre e na Guerra da Tríplice Aliança contra Solano Lopez. Foi considerado um dos mais bravos e destemidos artilheiros do Exército Brasileiro nas Batalhas de Itororó e de Lomas Valentinas.
- João David Ferreira Lima (1910-2001), tubaronense, foi professor, advogado e reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Teve papel decisivo na transformação da UFSC em uma instituição de referência nacional, liderando sua expansão física e acadêmica entre os anos 1960 e 1970. Reconhecido por sua postura conciliadora, competência administrativa e dedicação à educação pública, deixou um legado de estrutura e qualidade. Ferreira Lima é lembrado como figura central na consolidação da UFSC e símbolo de uma geração comprometida com o desenvolvimento institucional e o ensino superior.