Natural de Nova Trento/SC, Dilvo Vicente Tirloni é formado em História/UFSC e Administração/ESAG/UDESC, pós-graduado na Fundação Getúlio Vargas/SP (1971/72). Foi professor primário, secundário e universitário, Técnico do BRDE, participou da fundação do antigo CEAG/SC, hoje, SEBRAE. Foi presidente da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF). Foi Conselheiro do Sapiens Park; do Conselho Municipal do Meio Ambiente e do Conselho Municipal do Saneamento Básico/Fpolis. Autor de livros.
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6ª aula – Pilar 04 – Defesa do Livre Comércio
Perguntando a qualquer brasileiro se o Brasil pratica o livre comércio, a maioria absoluta responderá com um sonoro sim. Não vislumbram o “Estado Profundo” que comanda a nossa economia, presente em quase todos os setores econômicos.
Por desconhecimento, ignorância ou mesmo pelo fator ideológico, nossas convicções de livre comércio, de liberdade econômica, são frouxas e inconsistentes.
O Estado brasileiro desde a década de 1960 foi um grande provedor de serviços e infraestrutura. Retemos em nossa memória coletiva as grandes obras desenvolvidas no suporte a Estradas, Pontes (Itaipu), viadutos, portos e aeroportos. Era um momento que o País ainda não dispunha de poupanças privadas, tudo competia ao Estado.
Foi nesta toada que o brasileiro se acostumou que a energia elétrica, a educação, a saúde, a água e o esgoto, são “segmentos privativos do Estado”. Em alguns momentos o próprio Estado dispunha de Supermercados para atender a população (Cobal).
Criou-se junto de largos estratos da população algo desconfortável para a doutrina liberal – a de que o modelo capitalista é oportunista e predador, portanto deve ser rejeitado. Foi assim que o Estado se transformou num mastodonte quase indomável em nossos dias.
Felizmente, entre 1995 a 2002, FHC desenvolveu um extenso programa de privatizações inserindo confiança na população de que o setor privado é mais eficiente e operante do que o Estado. Foram realizados diversos leilões e os mais vistosos se concentraram no sistema telefônico, colocando o Brasil entre os países mais modernos do mundo. Foi a partir deste estrondoso sucesso de privatização que o brasileiro começou a mudar.
Em razão destas resistências encontramos, ainda hoje, junto da União, Estados e até Municípios, centenas de empresas sob controle estatal, de petróleo à mineração, de Bancos a Cias. de Seguro, de Coleta de Esgotos a Cias Elétricas. Os liberais enxergam estas unidades econômicas como ineficientes, há poucos investimentos, servem como cabides de emprego, prestam serviços sofríveis à população e se revelam berçários de diferentes interesses políticos prejudicando os interesses maiores da população.
Durante o período 1990-2015, foram realizadas 99 desestatizações, referentes aos setores siderúrgico, químico e petroquímico, fertilizantes, elétrico, ferroviário, mineração, portuário, aeroportuário, rodoviário, financeiro, de petróleo e outros, resultando uma receita de US$63.7 bilhões. Não estão incluídas as concessões telefônicas. (Fonte BNDES)
SC conta com pelo menos 10 empresas sob controle, de hotéis a portos, que poderiam ser concessionados ou privatizados.